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terça-feira, 9 de abril de 2019

A sacristia e sua importância

Sacristia, do latim sacristia e, às vezes, sacrarium, secretarium, salutatorium. Embora a sacristia não seja ligada diretamente ao culto divino, isso não diminui sua importância. A Sacristia teve a sua origem na necessidade de haver um local onde se pudesse guardar a Eucaristia. Com o passar do tempo tornou-se um lugar para guardar os objetos que eram ligados a celebração. A sua localização era variada, e poderia haver mais de uma se a igreja fosse grande (o que vale para a atualidade). Lá no século VIII a sacristia era junto a entrada da igreja, de onde partiam as procissões. Já na época tridentina (a partir do séc. XVI), a sacristia passou a ser junto ao presbitério (altar) com uma ligação lateral.
Este ambiente muitas vezes esquecido em nossas paroquias é o local onde se encontra os objetos utilizados na celebração máxima da fé católica, ou seja, a Santa Missa e demais celebrações litúrgicas. Na sacristia, por exemplo, guarda-se desde lecionário, livro litúrgico que traz a Palavra de Deus para as leituras da Missa até o Cálice Sagrado onde na transubstanciação o vinho se transforma no Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
É na sacristia também que o sacerdote e os outros ministros que o auxiliam se preparam para a Celebração Eucarística. O Cerimonial dos Bispos no número 53 diz “[…] sacristia, onde se guardam as alfaias sagradas e onde […], celebrante e ministros se podem preparar para a celebração.”
Por ser também um local sagrado é conveniente observar o respeito e o silêncio, pois nesse ambiente encontram-se os objetos sagrados. A Instrução Geral Sobre o Missal Romano (IGMR) no número 45 diz “Convém que já antes da própria celebração se conserve o silêncio na igreja, na sacristia […], para que todos se disponham devota e devidamente para realizarem os sagrados mistérios.”
O padre Valdir dos Santos SCJ, em seu livro Organizar sua sacristia – O que é, Como se faz, considera a sacristia como “o pequeno sagrado”, ou seja, extensão do santuário, pois para ele, trata-se de um dos lugares do templo que mais precisa de cuidado e atenção, pelo valor sagrado que o envolve, e que, infelizmente, acaba sendo um dos lugares menos valorizados nas nossas igrejas. Por isso, dentro da sacristia tudo deve estar muito bem organizado, seja onde se guardam os vasos sagrados ou as alfaias litúrgicas. Deve haver armários dignos para guardar o que é utilizado na Santa Missa e, ao mesmo tempo, seguros o suficiente para evitar roubos ou profanações.
Não podemos falar em sacristia sem falar na pessoa que é responsável pela mesma. Sacristão, do latim sacristanus, é um cargo que nominalmente caiu em desuso após o Concílio Vaticano II. No entanto, por mais que não se chame a pessoa por esse nome, a função de “Sacristão” ainda é exercida nas paroquias. O sacristão é aquele que cuida da organização da sacristia, e faz isso com muita dedicação, pois a sagrada escritura diz “o zelo por vossa casa me consome” (Sl 69,10; Jo 2,17). O sacristão deve, entre outras atribuições, por exemplo, manter o estoque de hóstias, velas, vinho, incenso e demais materiais necessários ao culto. É ele quem prepara os livros litúrgicos, as alfaias sagradas, os paramentos do padre e tudo mais que for necessário para a Santa Missa.
Júlio César Machado
“quoniam zelus domus tuæ comedit me” (Sl 69, 10)
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Referências bibliográficas:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Congregação do Culto Divino e a Disciplina do Sacramento. Instrução Geral sobre o Missal Romano. 8. ed. Brasília: Vozes, 2012.
CONGRECAÇÃO DO CULTO DIVINO. Cerimonial dos bispos – Secretariado Nacional de Liturgia. 2010. Disponível em: < http://www.liturgia.pt/files/livros/CerimBisp.pdf>. Acesso em: 11 jul. 2017.
DOS SANTOS, Pe. Valdir. Organizar sua sacristia: o que é, como se faz. Loyola, 2013.
PASTRO, Cláudio. Guia do Espaço Sagrado. 4. ed. São Paulo: Loyola, 2007.
RÖWER, Frei Basílio. Dicionário Litúrgico para uso do Revmo. Clero e dos Fiéis. 3. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1946.
SILVA, Michel Pagiossi. Entrarei no altar de Deus: Cerimonial da Sagrada Liturgia. Maringá: Humanitas Vivens, 2013.

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